Um cara anda durante muito tempo pela Avenida Paulista segurando um barbante com uma boneca inflável cheia de gás hélio flutuando sobre sua cabeça.
Um desconhecido aparece com uma tesoura e corta o barbante.
- Eu a amava - o dono da boneca reclama.
- Não amava não, era só sexo. - o cara de tesoura responde.
Fim.
segunda-feira, 24 de setembro de 2012
quarta-feira, 5 de setembro de 2012
Se debaixo das asas maternas é tão
mais seguro
E o alimento previamente triturado
tão mais saboroso
Por que é que um dia eu me
arriscaria a voar
Não que eu não fantasie com a idéia
de lançar-me do ninho
Permitindo que o vento finalmente
acaricie minhas penas
Tendo cada dia uma nuvem diferente
como amante
Que chore lágrimas doces ao me ver
partir
Mas fora daqui tudo é tão diferente
e confuso
E se o céu decidir que não sou
digno de seus domínios e arremessar-me
Nas formas abstratas do concreto
abaixo
Se eu nunca mais encontrasse o
caminho de volta para meu lar
Não suportaria viver sem o canto de
meu pai para me confortar
Outro dia talvez eu
experimente, hoje não
Logo meus genitores devem retornar
com minha refeição
Já vejo ao longe um vulto
aproximar-se em minha direção
Não, não são eles, é um gavi....
segunda-feira, 20 de agosto de 2012
Um brinde
Aos que acordam cedo
Aos que levam trabalho pra casa
Aos workaholics
Aos que estão de plantão
Aos que sonham plágios
Aos zumbis
Aos fantasmas
Aos zés-ninguém
Ao trabalhador
Que se esconde dentro de fones de ouvido
Aquele que vive nas sombras
E se esconde na luz
Nas multidões
E na mediocridade
Aos que jogam o jogo da vida
Obedecendo cegamente aos dados
Sem nem imaginar
Que poderiam simplesmente jogar o tabuleiro pro alto
Ergam seus copos, suas taças, suas garrafas
Em direção ao céu, ao sol, e a lua
E brindem a vida
Gritando
Uivando
Se embriagando
E se amando
Em memória daqueles que morrem em vida
Sem nem se dão conta
Em sua maquiagem borrada
Vislumbro o universo
O preto do lápis
O brilho do verso
Esboça um sorriso
E suspira arrepiada
Quando beijo de leve
Sua perna cansada
Mais a vontade que eu
Em minha própria cama
Suspeito pela primeira vez
Que ela me ama
E solto o braço ancorado
Sob sua costela
E me viro pro lado
Já pintando essa tela.
segunda-feira, 23 de julho de 2012
Os brancos
Os negros já haviam tomado conta
do território há mais tempo do que ele podia se lembrar.
Nem se incomodava mais com a
presença deles e sabia que não adiantava lutar, já que a cada negro que caia,
dois novos tomavam seu lugar.
Mas quando o primeiro branco
chegou foi demais pra ele.
Isso ele não ia admitir.
Arrancou-o a forca o mais rápido
que pode e antes que qualquer um pudesse ter notado sua presença.
Mas ele voltou.
E trouxe companhia.
Em diversos locais, novos pelos
brancos foram se alojando ao redor de seu rosto.
A idade tinha chegado.
A luta
Faziam exigências demais
Eventualmente o abandonariam
Coração subiu ate a boca
Cérebro insistiu que ele deveria desistir
E coração apertou-se no seu canto do ringue
Machucado e abalado
Cérebro viveu muito tempo confortável em sua vitoria
Ate que inesperadamente a Mulher apareceu
Cérebro enxergou dentro dos olhos dela
E viu la o reflexo do Homem
Apaixonado, determinado, imbatível
Coração aproveitou a distração
E bateu
Bateu e bateu cada vez mais forte
Cada vez mais rápido
E Cérebro se convenceu
Coração continua batendo
Batendo e batendo cada vez mais forte
Cada vez mais rápido
Pra que Cérebro nunca se esqueça
De que esta eh uma luta que não pode vencer
Fada do dente
A garota chorava
pelo dente que perdia
A mãe veio acudi-la
E disse que um novo logo nasceria
Com a criança no colo
E cessada a histeria
A mãe lhe aconselhou
a colocar o dente caido sob seu travesseiro
Pois ao raiar do dia
Uma surpresa receberia
Manhosa a criança foi para a cama
No quarto que com seu irmão dividia
O garoto fingia dormir
Enquanto bolava um plano para confundi-la
A garota plantou o dente de leite
E assim que fechou seus olhos adormeceu
Seu irmão furtou-lhe o cândido tesouro
E sob seu próprio travesseiro o colocou
O garoto também adormece
E chegada do mundo dos contos
A fada do dente aparece
Ela leva sua prenda e faz seu pagamento
Empurrando para seu lugar uma moeda
Com o sopro do vento
A menina
Ainda que apenas por um breve momento
Presente o bater de asas sair pela janela
E procura afobada sua recompensa
E ao ver que o dente foi levado
Mas seu pagamento não foi liquidado
Inicia um pandemônio por todos escutado
A fada retorna
e vendo a menina ainda em prantos
Compara a coleta da noite com a fonte
O garoto se levanta, pelo sono ainda desnorteado
Mas logo cai golpeado
Enquanto um de seus dentes voa pro lado
Ao receber da fada um golpe cruzado
O dente do garoto é recolhido
Uma moeda é deixada para a menina
A fada se vai
Deixando o garoto chorando pelo colo do pai
Moleque mimado
Aprendeu a lição
Da fada do dente
Não se cobra adiantado
#Savida
Savida Morfetica
lazarenta
Espartana
Cretina
Estressante
E ainda assim interessante
Emocionante
Alucinante
Apaixonante
Inquietante
Savida regada a alcool
Batizada com lágrimas
Cozida com risos
E temperada com versos
Savida boêmia
que vive tentando pular
aos gritos
pra fora da caixa
Savida cotidiana
Sofa
Cama
Caixão
lazarenta
Espartana
Cretina
Estressante
E ainda assim interessante
Emocionante
Alucinante
Apaixonante
Inquietante
Savida regada a alcool
Batizada com lágrimas
Cozida com risos
E temperada com versos
Savida boêmia
que vive tentando pular
aos gritos
pra fora da caixa
Savida cotidiana
Sofa
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