terça-feira, 25 de novembro de 2014

labirinto 2

As grades do berço
O poço de álcool
A caixa feita de pixels
A jaula de som

A torre do sino
A biblioteca de pedra
O pomar alucinógeno
A sala acolchoada do manicômio-coração

A senha do cofre
O calabouço da família
O maquinário do hospital
E ao final
A solitária de madeira sob o chão

Toda saída leva a um novo cárcere
Neste labirinto de prisões
Onde liberdade ou independência
Nunca passam de ilusão

O plural é singular

Eu quero comer
Nós estamos de regime
Eu quero viajar
Mas nós não temos dinheiro

Eu gosto de ler
Nunca desligamos a televisão
Preciso de silêncio
Mas fazemos muito barulho

Eu sinto falta de pouca coisa
Nós nunca temos o suficiente
Me mais triste a cada dia
Talvez não resistamos no plural

As vezes tudo que eu quero é sair
Mas nós temos que ficar
Decido então ir sozinho
E nós deixamos de existir

O Monstrô

Marchamos diariamente
Às catacumbas
Do deus Serpente

Uma procissão
Silenciosa e ritmada
de passos lentos
De uma multidão
Mais de mil detentos

Como sonâmbulos
Deslizamos 
Cada vez mais fundo
Para o centro do mundo

Pagamos o dízimo
Desviamos de seus seus dentes
E nos amontoamos como insetos 
Dentro de seu ventre

Ele brinca com nossa auto estima
E depois nos cospe para cima
O que sobra é pó, é casca
É osso
E entorpecimento
É nada