quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Outono

Conheci uma garota
Que experimentava cabelos de todas as cores
E com o tempo passei a ama-la
Com todas as forças 

No luxo de um beco
Choramos de alegria
Lembramos a preciosidade
De nossa sintonia

Ela via como asas de um anjo
Detalhes que os demais enxergavam como sátiro
Uma beleza que nem existia

Escancarando as portas do meu mundo
Assustei-a com o que havia escondido no fundo
Ela começou a duvidar
Se devia me amar

Condenado e exilado
Agora luto com o teclado
Tentando salvar em palavras
A cega dor de um rio de lagrimas

quinta-feira, 4 de julho de 2013

O Labirinto

As grades do berço
O poço de álcool
As caixas de pixels
A jaula de som

A torre do sino
A biblioteca sem teto
O pomar alucinógeno
A sala acolchoada do manicômio-coração

O cofre de metal
O calabouço da família
O maquinário do hospital
E finalmente a solitária de madeira sob o chão

Cada saída leva a um novo cárcere
Neste labirinto de prisões
Onde liberdade ou independência
Nunca passam de ilusão

quinta-feira, 28 de março de 2013

Enchente


Assistimos de camarote
Quando o ultimo predio da Av. Paulista desaba
Nem meteoros, nem aliens, ou chuva de fogo
Quando tudo acabou
Foi por culpa da agua

Liquido caos
Mundo na horizontal
Predios, pessoas, futuros
A vida na terra chegou ao final

Dinheiro, sucesso e fama
Soterrados na lama
Lute ou mergulhe
Afunde ou sobreviva

Chuva, correnteza e mortes
Alguns poucos sobreviventes passam em botes
Mais nuvens se formam no ceu acima
E assim continua a carnificina

segunda-feira, 4 de março de 2013

O programador


Acordou  sem fome,
tirou computador do modo de espera
Nao lembrava mais seu nome
nem que dia era

Trabalhou o dia todo
programando o website de um restaurante
Enquanto almocava e jantava
Restos do congelado de ontem

Tinha mais de 500 amigos no mundo virtual
Mas nao recebia um telefone ha meses
No mundo real

Apontou o smartphone pro penis
E ganhou um boquete em realidade aumentada
De um boneco em 3D
Que simulava uma ruiva safada


quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Damas da noite

Elas não gostam nem de barulho nem de estranhos
Por isso só vêm me vistar a noite
Quando todos ja dormem
E só o escuro e o silencio me fazem companhia

Elas sobem em minha cama
Nos deitamos juntos
E brincamos por horas
Enquanto nos conhecemos melhor

Umas eu admiro, outras desprezo
Existem as que eu ignoro
E as que sempre voltam
Quer eu queira, quer não

Assim que acendo as luzes
Algumas delas fogem
Outras acorrento com tinta ou pixels
Condenadas eternamente a esta prisão