segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Um brinde


Aos que acordam cedo
Aos que levam trabalho pra casa
Aos workaholics
Aos que estão de plantão
Aos que sonham plágios
Aos zumbis 
Aos fantasmas
Aos zés-ninguém

Ao trabalhador
Que se esconde dentro de fones de ouvido
Aquele que vive nas sombras
E se esconde na luz
Nas multidões
E na mediocridade

Aos que jogam o jogo da vida
Obedecendo cegamente aos dados
Sem nem imaginar
Que poderiam simplesmente jogar o tabuleiro pro alto

Ergam seus copos, suas taças, suas garrafas
Em direção ao céu, ao sol, e a lua
E brindem a vida
Gritando
Uivando
Se embriagando
E se amando
Em memória daqueles que morrem em vida
Sem nem se dão conta

Em sua maquiagem borrada
Vislumbro o universo
O preto do lápis
O brilho do verso

Esboça um sorriso
E suspira arrepiada
Quando beijo de leve
Sua perna cansada

Mais a vontade que eu
Em minha própria cama
Suspeito pela primeira vez
Que ela me ama

E solto o braço ancorado
Sob sua costela
E me viro pro lado
Já pintando essa tela.