segunda-feira, 23 de julho de 2012

Os brancos


Os negros já haviam tomado conta do território há mais tempo do que ele podia se lembrar.
Nem se incomodava mais com a presença deles e sabia que não adiantava lutar, já que a cada negro que caia, dois novos tomavam seu lugar.
Mas quando o primeiro branco chegou foi demais pra ele.
 Isso ele não ia admitir.
Arrancou-o a forca o mais rápido que pode e antes que qualquer um pudesse ter notado sua presença.
 Mas ele voltou.
E trouxe companhia.
Em diversos locais, novos pelos brancos foram se alojando ao redor de seu rosto.
A idade tinha chegado.

A luta



Faziam exigências demais
Eventualmente o abandonariam
Coração subiu ate a boca
Cérebro insistiu que ele deveria desistir
E coração apertou-se no seu canto do ringue
Machucado e abalado

Cérebro viveu muito tempo confortável em sua vitoria
Ate que inesperadamente a Mulher apareceu
Cérebro enxergou dentro dos olhos dela
E viu la o reflexo do Homem
Apaixonado, determinado, imbatível

Coração aproveitou a distração
E bateu
Bateu e bateu cada vez mais forte
Cada vez mais rápido
E Cérebro se convenceu

Coração continua batendo
Batendo e batendo cada vez mais forte
Cada vez mais rápido
Pra que Cérebro nunca se esqueça
De que esta eh uma luta que não pode vencer

Fada do dente

A garota chorava
pelo dente que perdia
A mãe veio acudi-la
E disse que um novo logo nasceria

Com a criança no colo
E cessada a histeria
A mãe lhe aconselhou
a colocar o dente caido sob seu travesseiro
Pois ao raiar do dia
Uma surpresa receberia

Manhosa a criança foi para a cama
No quarto que com seu irmão dividia
O garoto fingia dormir
Enquanto bolava um plano para confundi-la

A garota plantou o dente de leite
E assim que fechou seus olhos adormeceu
Seu irmão furtou-lhe o cândido tesouro
E sob seu próprio travesseiro o colocou

O garoto também adormece
E chegada do mundo dos contos
A fada do dente aparece

Ela leva sua prenda e faz seu pagamento
Empurrando para seu lugar uma moeda
Com o sopro do vento

A menina
Ainda que apenas por um breve momento
Presente o bater de asas sair pela janela
E procura afobada sua recompensa

E ao ver que o dente foi levado
Mas seu pagamento não foi liquidado
Inicia um pandemônio por todos escutado

A fada retorna
e vendo a menina ainda em prantos
Compara a coleta da noite com a fonte

O garoto se levanta, pelo sono ainda desnorteado
Mas logo cai golpeado
Enquanto um de seus dentes voa pro lado
Ao receber da fada um golpe cruzado

O dente do garoto é recolhido
Uma moeda é deixada para a menina
A fada se vai
Deixando o garoto chorando pelo colo do pai

Moleque mimado
Aprendeu a lição
Da fada do dente
Não se cobra adiantado

#Savida

Savida Morfetica
lazarenta
Espartana
Cretina
Estressante
E ainda assim interessante
Emocionante
Alucinante
Apaixonante
Inquietante

Savida regada a alcool
Batizada com lágrimas
Cozida com risos
E temperada com versos

Savida boêmia
que vive tentando pular
aos gritos
pra fora da caixa
Savida cotidiana
Sofa
Cama
Caixão